José Maurício Nunes Garcia (Rio de Janeiro, 1767-1830)

Não há notícia de que o padre José Maurício Nunes Garcia (1767-1830) tenha morado ou trabalhado fora do Rio de Janeiro, onde provavelmente sempre viveu. Tornou-se padre em 1792 e instalou o Curso de Música na Rua das Marrecas, em 1795, onde por muitos anos lecionou piano e teoria musical, tendo para isso escrito seu importante Compendio de Musica e Methodo de Pianoforte (1821). Em 1798 foi nomeado Mestre de Capela da Sé do Rio de Janeiro e a partir de então se tornou encarregado pelo Senado da Câmara de preparar a música para festividades oficiais, e dentre muitas, destacam-se as posses dos vice-reis, do então futuro Marquês de Aguiar, em 1801, do Conde dos Arcos, em 1806 e a Elevação do Brasil a Reino-Unido, em 1815-16. Em 1808 foi nomeado, com a vinda de João VI para o Brasil, mestre-de-capela da Real Câmara e Capela, para qual compôs um grande número de obras. Em 1819 regeu a estreia brasileira do Requiem de Mozart. Em 1822 deixa de funcionar o Curso de Música na Rua das Marrecas. Seus últimos anos de vida se caracterizaram pela miséria e pela doença, ao ponto de ter apelado por escrito a Pedro I, pelo menos por duas vezes, em 1822 e 1828, e, desta vez, juntamente com os demais músicos da Capela Imperial, clamando pelo pagamento dos ordenados. Apesar de padre, sabe-se que José Maurício Nunes Garcia, por um período de tempo, viveu com uma mulher, Severiana, com a qual teve pelo menos seis filhos. O padre legitimou alguns de seus filhos pessoalmente junto ao Tabelião. Suas principais obras, além da Sinfonia Fúnebre, são outras duas aberturas, Zemira (1803) e a Abertura em Ré maior (s.d.), assim como inúmeras obras sacras, como os vários motetos, dentre eles o Sepulto Domino (1790), Gradual para o Domingo de Ramos (1799) e o Judas Mercator Pessimus (1809), a Missa de Nossa senhora da Conceição (1810), o Ofício e Missa de Defuntos (1816) e a Missa de Santa Cecília (1826).
Texto de Rubens Russomanno Ricciardi (São Paulo, 1997).


Rol de composições


Sinfonia Fúnebre (1790)
Orquestra: 2 Flautas, 2 Oboés, 2 Fagotes, 2 Trompas, 2 Trompetes e cordas como Violinos I e II, Violas I e II e Baixo, portanto, com uma parte única para violoncelo e contrabaixo.