O Estudo da Localidade e a Construção Coletiva de Atlas Escolar Histórico e Geográfico para o Município de Ribeirão Preto-SP

Este projeto parte da premissa de que a Formação Inicial para o Ensino Fundamental deve preparar os professores para se tornarem profissionais criativos e críticos. Estas duas qualificações podem ser contextualizadas no sentido de que é preciso formar professores preparados para a seleção, a organização, o desenvolvimento e a avaliação crítica dos seus próprios processos de ensino e de aprendizagem. Pautada na epistemologia da prática educativa, tal formação deve oferecer subsídios para o desenvolvimento de habilidades e competências profissionais que garantam a produção de um ensino mais comprometido com a realidade da maioria dos alunos das escolas brasileiras. Uma dessas habilidades diz respeito à capacidade de pesquisa como uma parte indispensável ao trabalho docente.
A idéia é formar uma comunidade de aprendizagem, no formato de um grupo de pesquisa, disposta a estudar os processos histórico-geográficos que constituíram (e constituem) o município de Ribeirão Preto-SP, para construir um Atlas Escolar Municipal. Neste grupo deverão estar reunidos professores de História e Geografia do ensino fundamental de escolas públicas e privadas do município de Ribeirão Preto-SP, alunos da graduação da USP, historiadores, professores da universidade, dentre outros.


O foco principal de discussões deve girar em torno da importância de se incluir o estudo da localidade no ensino de História e Geografia. No meio educacional, o estudo da localidade ganhou destaque com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Estas publicações salientam que a História e a Geografia devem focar no estudo e na problematização do contexto mais próximo dos alunos. É a partir deste contexto que o estabelecimento das relações temporais e espaciais entre as diversas realidades do Brasil e do mundo devem ocorrer. Assim sendo, a produção coletiva de um Atlas Escolar para o município de Ribeirão Preto – SP justifica-se pela necessidade de subsidiar o ensino de História e Geografia no referido município. Tal necessidade perpassa o uso de mapas escolares como um valioso mecanismo para a consolidação de práticas pedagógicas que ressaltam a preservação dos recursos naturais e a recuperação da memória ligada à origem histórica de uma localidade municipal.Neste contexto, a construção coletiva de um Atlas Escolar Municipal: Histórico e Geográfico para Ribeirão Preto apresenta-se com dois importantes propósitos. Um deles refere-se ao próprio material de ensino (Atlas) que privilegia o lugar e suas histórias. O outro se relaciona aos processos formativos que tal construção envolve. Isto se deve ao fato de que a produção de Atlas Escolares Municipais pressupõe o uso de metodologias ligadas ao resgate das histórias orais (por meio das narrativas de moradores), à leitura e construção de mapas (com grande escala), à busca por documentos (geralmente os documentos antigos eram “instruídos” por croquis da própria localidade), fotografias (aéreas ou horizontais), imagens de satélite, mapas etc. O trabalho com tais instrumentos, além de se configurar como parte de uma nova prática de ensino para a História e a Geografia, culminará na disponibilidade de um material escolar para a localidade. Entendemos que os dois propósitos explicitados contribuem tanto para os processos de Formação Inicial, como para os de Formação Continuada, dos agentes envolvidos.

Atlas: Filho de Iápeto e Clímene, quando os Olímpicos derrotaram os Titãs foi condenado a carregar o Mundo sobre seus ombros para o resto da eternidade.

Trata-se de uma pesquisa a ser desenvolvida em colaboração. Envolvendo um grupo enquanto comunidade de aprendizagem. Não se trata, portanto, de construir um Atlas como uma coletânea de mapas produzidos por cartógrafos. O projeto pauta-se na idéia de que os professores, como possuidores de saberes específicos da docência, pesquisem sobre a localidade e produzam um material escolar que atenda prioritariamente as suas necessidades educativas.
As questões centrais da pesquisa são:

- Quais saberes (conhecimentos) da História e da Geografia Local são relevantes para o ensino básico?
- Como promover esses saberes, tendo em vistas as práticas pedagogicas dos professores?

Objetiva-se constituir um grupo que se propõe a pesquisar sobre a localidade de Ribeirão Preto-SP a fim de construir (dentre outras ações) coletivamente um material educativo (Atlas Escolar) que subsidie o ensino da História e da Geografia. Além de fomentar os processos formativos (Formação Inicial e Continuada) dos professores, pesquisadores e alunos envolvidos.
A produção do Atlas deverá apoiar-se nos processos formativos (que envolvem aprendizagens profissionais da docência) e nas especificidades das escolas de ensino fundamental. Os resultados serão, portanto, materiais (produto em forma de um Atlas Municipal Escolar: Histórico e Geográfico) e, ao mesmo tempo, formativos (no sentido de que estarão subsidiando os processos de ensino e de aprendizagem dos professores envolvidos).

Coordenadora: Profa. Dra. Andrea Coelho Lastória
Vice-Coordenador: Jaime Rodrigo Marques da Silva

Membros do grupo:

Carla Costa de Moraes
Cristiane Quilez Tavarez Pereira
Edmea Magalhães Salgado
Elidia de Souza e Silva Rodrigues
Erico Lopes Pinheiro de Paula
Johncy de Pádua
José Faustino da Almeida Santos
Lívia de Oliveira Antonio
Luciene Oliveira
Luiza Maria de Andrade S. Faeda
Marcelo Nonato Ferreira
Márcio Antonio do Couto
Noely Mendes Paez
Rafael Cardoso de Mello
Sandra Regina Firmino Abdala
Sandro Luiz Sartorio
Talita de souza Dias
Tiago Henrique da Siva Dias

Membros Colaboradores
Antonio Vitor Rosa
Clarice Sumi Kawasaki
Elaine Filomena Assoline
Evandro Gaiad Fischer
Fadel David Antonio Filho
Gabriel Vendrúsculo de Freitas
Helia Maria Machado
Juliana da Costa Pereira Padilha
Lílian Rodrigues de Oliveira Rosa
Lucia Maria dos Santos Tinós
Marcelo Tadeu Motokane
Maria Dalva de Souza Dezan
Perci Guzzo
Regina Troca
Silvia Aparecida de S. Fernandes

Membros Consultores
Adriano Rodrigo Oliveira
Maria Del Rosário Pineiro Peteleiro
Maria Helena Ramos de Oliveira
Nainora Freitas
Valéria Cazetta

 

A CARTOGRAFIA ESCOLAR E A CONCEPÇÃO DE ATLAS ESCOLAR MUNICIPAL?

LASTORIA, A. C. . A cartografia escolar e a concepção de Atlas escolar municipal. Dialogus (Ribeirão Preto), v. 3, p. 111-126, 2007.

A própria denominação desta área está sendo discutida pelos pesquisadores brasileiros. A denominação Cartografia para crianças também é utilizada por alguns segmentos.

Este texto está baseado numa parte do primeiro capítulo da Tese de Doutorado defendida pela autora no PPGE/UFSCar, em 2003. Título “Aprendizagem Profissional da docência: o projeto Atlas”, sob orientação da Profa. Dra. Maria da Graça N. Mizukami.

Andréa Coelho LASTÓRIA*

* Doutora e Mestre em Educação Licenciada em Geografia e Pedagogia, Bacharel em Geografia. Docente do Departamento de Psicologia e Educação, da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, na Universidade de São Paulo. Coordenadora do Grupo de Estudos da Localidade de Ribeirão Preto – ELO, ligado ao LAIFE / USP.

RESUMO: Este artigo discute a inserção da cartografia no currículo da escola básica brasileira, apresenta diferentes concepções de Atlas e destaca a importância dos Atlas Escolares Municipais.

PALAVRAS CHAVES: cartografia escolar; atlas escolar; ensino de geografia.

1. A CARTOGRAFIA ESCOLAR

A Cartografia Escolar é uma área do conhecimento que se encontra em construção, tanto em âmbito científico quanto no âmbito escolar. No âmbito escolar, podemos observar que a Cartografia não consta no currículo oficial do ensino fundamental ou médio como uma disciplina. Ocorre que as noções cartográficas são ensinadas, em muitas escolas brasileiras, como um conteúdo curricular do programa de Geografia para as séries finais do ensino fundamental e médio. A alfabetização cartográfica (que deveria acontecer desde os anos iniciais do ensino fundamental) parece ser um enigma para muitos professores brasileiros.

Outra consideração importante é que os conteúdos cartográficos apresentam-se “descolados” dos demais, isto é, são listados juntamente com outras noções científicas a serem ensinadas. Como exemplo, citamos as noções astronômicas, as geológicas, dentre outras.

O Parâmetro Curricular Nacional para o ensino de Geografia menciona a importância da alfabetização cartográfica desde os anos iniciais da escolarização (ou seja, desde o chamado primeiro ciclo) em várias partes do documento. Como exemplo:

A imagem como representação também pode estar presente. Desenhar é uma maneira de se expressar característica desse segmento da escolaridade e um procedimento de registro utilizado pela própria Geografia. Além disso, é uma forma interessante de propor que os alunos comecem a utilizar mais objetivamente as noções de proporção, distância e direção, fundamentais para a compreensão e uso da linguagem cartográfica (p.129).

De quinta à oitava série, o documento explicita a Cartografia como um eixo temático para o terceiro ciclo do ensino fundamental. Sob este aspecto, o parâmetro coloca a Cartografia enquanto instrumento na aproximação dos lugares e do mundo. Dentro deste eixo são destacadas três questões principais: a primeira relaciona-se à alfabetização cartográfica, a segunda diz respeito à leitura crítica e a terceira, ao mapeamento consciente. A Cartografia é destacada em tal documento como uma área necessária ao ensino da Geografia. Sobre este aspecto Maio (2001) coloca que:

...o texto dos Parâmetros Curriculares Nacionais funcionou como uma das fontes de inspiração para a proposição de um trabalho que pudesse contribuir para o ensino de cartografia e novas tecnologias associadas dentro do programa de geografia das escolas (p. 254).

O PCN para o ensino de Geografia apresenta dois esquemas (propostos por SIMIELLI, 1997 e 2004) que mostram como os professores podem caminhar com relação à alfabetização cartográfica na escola fundamental brasileira. Tais esquemas indicam que algumas noções concebidas como básicas na alfabetização cartográfica (visão oblíqua e visão vertical, imagem tridimensional e bidimensional, alfabeto cartográfico que se refere ao ponto, linha e área, legenda, proporção e escala, lateralidade, referências e orientação espacial), devem contribuir para a desmistificação da Cartografia como uma ciência que apenas propõe mapas acabados aos usuários. Ao contrário disto, a alfabetização cartográfica deve ocorrer num processo no qual os alunos consigam aprender a leitura crítica de mapas, cartas e plantas, ultrapassando a simples localização dos fenômenos estampados nos mapas, para se tornarem mapeadores conscientes que conseguem elaborar maquetes, croquis, mapas e outros, sabendo entender e optar por símbolos e pelas convenções cartográficas.

Consideramos a relevância da inclusão da Cartografia, enquanto um eixo temático do PCN, a ser desenvolvido no ensino fundamental. No entanto, concordamos com Almeida (2001) que chama a atenção para o fato de que tal eixo não aparece nos demais itens do documento. A não retomada deste eixo temático pode representar um perigo se se pretende evitar que a Cartografia Escolar seja cristalizada como um tópico isolado do conteúdo curricular de Geografia.

Almeida (2001a) entende que a Cartografia Escolar representa uma nova área de pesquisa. Apresentando o seguinte esquema, a autora relaciona três áreas principais do conhecimento, cujas interfaces fazem situar a Cartografia Escolar.

FIGURA 1: Diagrama – Cartografia escolar (ALMEIDA, 2001).

Observamos pelo esquema apresentado que a Cartografia (enquanto ciência que desenvolve conceitos cartográficos e utiliza a linguagem gráfica para representar espaços), a Educação (que se preocupa com o currículo e a formação de professores buscando desenvolver a aprendizagem através de métodos de ensino) e a Geografia (que se destina a focalizar os fenômenos sócio-espaciais através das relações da Sociedade com a Natureza, utilizando representações espaciais em suas análises) são tomadas como áreas articuladoras da Cartografia Escolar.

Diante do exposto, faz-se necessário considerar as críticas apresentadas por Rodriguez Lestegás (2000) a respeito da elaboração do conhecimento escolar e, mais especificamente, das relações entre tal conhecimento com o científico. Segundo o autor, o conceito de transposição didática reduz de maneira substancial o funcionamento das instituições escolares, o pensamento dos professores e alunos, o processo de geração do conhecimento científico e a história das disciplinas escolares. Rodriguez Lestegás (2000) se opõe ao mito, que ele afirma ter sido perpetuado pela academia, sobre ser os conhecimentos escolares uma versão resumida dos saberes científicos de referência. O autor sugere que sejam consideradas as diferenças entre as ciências de referência e as disciplinas escolares, justificando que o saber escolar transforma o saber erudito e responde às próprias finalidades da instituição escolar, sendo, portanto, criações didáticas derivadas das necessidades do ensino e totalmente desvinculadas do conhecimento científico (p.110). Para completar tal concepção o autor coloca que:

...não existe um único saber erudito, disposto a ser transformado em saber escolar, mas sim, uma multiplicidade de saberes de referência que respondem a problemáticas e enfoques necessariamente plurais (p.111).

Rodriguez Lestegás (2000) propõe que a discussão sobre as origens do conhecimento geográfico escolar parta da retomada dos saberes escolares desde o processo de sua construção e institucionalização, considerando o conceito de cultura escolar e as considerações da própria Geografia Escolar. Entendemos que tal proposição pode ser considerada, também, em relação à Cartografia Escolar.

No âmbito científico, a Cartografia Escolar vem sendo discutida e apresentada no Brasil em vários eventos que visam, dentre outros objetivos, discutir as articulações entre o ensino de Geografia e a linguagem cartográfica, e ampliar o debate sobre as concepções e metodologias envolvidas na confecção de Atlas para crianças. Dentre os eventos, ocorreram na década de noventa, quatro colóquios de cartografia para crianças (em junho de 1995 foi em Rio Claro-SP, em novembro de 1996 foi em Belo Horizonte - MG, em julho de 1999 foi em São Paulo-SP e em maio de 2001 foi em Maringá - PR). Juntamente com o último colóquio, ocorreu o I Fórum Latino Americano e, mais recentemente, em 2002, o I Simpósio Ibero Americano de Cartografia para Crianças no Rio de Janeiro - RJ. Neste último, objetivou-se reunir especialistas do Brasil e do exterior para discutir o desenvolvimento da Cartografia para crianças e escolares nos vários níveis de ensino; propor novas formas de participação de professores - pesquisadores frente às formas e às mudanças tecnológicas na representação do espaço e sua utilização; tornar acessível aos professores do ensino básico e médio instrumentais de análise teóricos - epistemológicos, metodológicos na análise das representações espaciais gráficas e cartográficas das crianças e das comunidades em suas práticas sociais. Neste simpósio discutiu-se, dentre outros eixos temáticos, a concepção e metodologia dos Atlas e, mais especificamente, dos Atlas escolares. Em outubro deste ano, juntamente com o 9º. Encontro Nacional de Práticas de Ensino de Geografia - ENPEG, ocorrerá o V Colóquio de Cartografia para Crianças e Escolares, a ser desenvolvido na Universidade Federal Fluminense – UFF, no Rio de Janeiro – R.J.

2. CONCEPÇÕES DE ATLAS ESCOLAR

A concepção de Atlas Escolar e, mais especificamente, a de Atlas Escolar Municipal (também denominado Atlas Escolar Local) é muito variada se considerarmos a origem e a diversidade destes materiais no Brasil.

Aguiar (1997) salienta que a produção de Atlas voltados para o ensino começou a se dar a partir do século XIX, quando a Geografia foi incluída nos currículos escolares. Desde o início, o uso de Atlas Escolares foi relacionado exclusivamente à Geografia, enquanto disciplina. Talvez seja por esta razão que os Atlas Escolares passaram a ser tomados, por muitos professores e alunos, como sinônimos de Atlas Geográficos. Sobre este aspecto, Felbeque (2001), resgatando definições do termo Atlas Escolar em dois dicionários especializados, percebeu a grande ligação entre o Atlas Escolar e os programas e currículos de Geografia. A definição do termo “Atlas Escolar” encontrada no dicionário cartográfico de Cêurio de Oliveira (1993) é a seguinte: Atlas temático para uso escolar, relativo aos programas de geografia.

Para Felbeque (2001), as renovações nos currículos e nos programas de Geografia influenciam no surgimento de novos tipos de Atlas Escolares.

Le Sann (2001) também reforça que os elementos da Cartografia estão presentes nos programas de Geografia do ensino fundamental e que as mudanças nos programas escolares desta ciência, passaram a valorizar o aprendizado de habilidades para aquisição de competências específicas. Segundo a autora:

Os papéis do professor e dos alunos estão sofrendo uma mudança drástica. O professor não ‘dá’ mais (ou não deveria dar!) aula, incentiva e orienta o aluno no processo de aquisição de conhecimentos. Neste contexto, o Atlas geográfico tradicional passou a ser revalorizado, sendo percebido como um instrumento privilegiado para o ensino (p. 131).

As mudanças relacionadas ao ensino da Geografia dizem respeito a várias posturas teórico-metodológicas que os docentes devem considerar para ensinar. Uma questão central que vem sendo revalorizada é a de que o professor deve partir da realidade local e ir estabelecendo relações com a realidade regional, estadual, nacional ou mesmo, global. Não se trata de buscar desencadear um processo linear ou concêntrico, mas sim de privilegiar o espaço local como fonte básica. Sobre este aspecto Almeida (2001a) salienta:

A necessidade de produção de materiais didáticos sobre o espaço local tem crescido na última década, de um lado, como conseqüência da mudança nas relações local-global, resultante do processo de globalização, e, de outro lado, devido ao destaque que as questões ambientais vêm assumindo, notadamente aquelas de caráter mais pontual (p. 12).

A idéia de partir do estudo das localidades no ensino de Geografia fez surgir alguns novos materiais escolares. Dentre estes, figuram alguns Atlas diferenciados, ou seja, Atlas que não possuem como prioridade a representação de todas as partes da Terra. Almeida (2001a) destaca que até o século XVIII predominavam os Atlas universais (que abordavam todos os continentes do planeta) e que os Atlas regionais passaram a ser produzidos, no final do século XX, quando era necessário um conhecimento mais aprofundado dos territórios.

Aguiar (apud ALMEIDA, 2001a) coloca que no Brasil, o primeiro Atlas Escolar publicado foi o de Candido Mendes de Almeida, em 1868. Este era composto por mapas políticos para que as fronteiras do Império pudessem ser conhecidas e estudadas por todos.

Os Atlas escolares municipais começaram a surgir mais recentemente. Eles são diferentes dos Atlas escolares convencionais que, segundo Almeida (2001), restringem-se a apresentar mapas de abrangência regional ou mundial. A sua origem está ligada à necessidade de materiais didáticos que apresentassem representações espaciais em escalas maiores, ou seja, que permitem um maior detalhamento do uso e ocupação do solo. Almeida (2001a) destaca que há uma demanda crescente por materiais didáticos sobre o espaço local, porque os materiais didáticos disponíveis não retratam o lugar onde o aluno vive e, sim, adotam um ‘local padrão’ para representar todas as localidades do país.

Neste contexto, os Atlas Escolares Municipais são concebidos como materiais didáticos que focalizam os temas mais importantes de um município. Estes são apresentados em forma de textos, fotos, imagens de satélites, mapas monotemáticos ou com tipologias determinadas etc.

A professora Janine Gisèle Le Sann, coordenadora e autora de vários Atlas escolares municipais no Brasil, apresenta sua concepção sobre os mesmos, do seguinte modo:

O princípio básico que norteia todas as concepções dos Atlas Escolares Municipais é o fato de serem ‘centrados no aprendizado do aluno. O espaço municipal é o objeto de estudo, porém, não é o objeto do Atlas. O objetivo principal é a construção de conceitos, saber-fazer (habilidades) e competências em Geografia, por parte do aluno (Le Sann, p. 136).

Raisz (apud ALMEIDA, 2001) destaca que as funções dos Atlas Escolares baseiam-se no fornecimento de informação precisa, apresentação de mapas atraentes e de fácil entendimento. Já para Libault, segundo a mesma autora, os Atlas Escolares precisam possuir um estilo simplificado no qual se possa evidenciar as feições principais da paisagem física e humana. Acrescenta, ainda, que é necessário considerar o grau de ensino a que se destina. Silva (2001) também destaca a necessidade de se atentar para este aspecto:

Um Atlas escolar possui uma proposta de trabalho diferente, quando apresenta uma linguagem gráfica e conteúdos adequados ao nível de ensino a que se destina (p. 153).

Almeida (2001) apresenta em sua tese de Livre Docência (2001) algumas recomendações, a partir de seus estudos sobre os principais pesquisadores da área, sobre o que se deve esperar de um Atlas Escolar Local. São elas:

• a produção de um Atlas tem uma finalidade, o que lhe confere um caráter ‘intencional’;
• um Atlas porta diferentes tipos de representação (mapas, gráficos, textos, fotografias, etc) devidamente organizados de modo a atender a sua finalidade;
• a cartografia de um Atlas escolar exige cuidados especiais: mapas monotemáticos ou com tipologias (MARTINELLI e FERREIRA, 1995 e 1997), escala grande e respeito aos princípios da Semiologia Gráfica;
• o recorte temático deve respeitar a proposta apresentada no currículo, bem como trazer o local em sua peculiaridade, com seus problemas e contradições, possibilitando reflexão e indicações de intervenção.

Destacamos que os Atlas Escolares Municipais destinam-se a apresentar aspectos de uma dada localidade através de uma linguagem acessível a uma certa população escolar. Almeida (2001) enfatiza que eles não devem ser produzidos apenas por especialistas, mas sim por uma equipe que envolva os professores da escola fundamental, já que o conhecimento de como os alunos aprendem, como os professores ensinam, como as práticas pedagógicas se desenvolvem, como as rotinas das escolas se constituem são de importância fundamental para as representações do conhecimento que deverão estar contempladas nos Atlas.

Os primeiros estudos sobre ensino de Cartografia foram realizados no final da década de 70, pela professora Dra. Lívia de Oliveira, na Universidade Estadual Paulista – UNESP, em Rio Claro – SP. A partir daí, a temática foi se intensificando com as pesquisas de professores nas diversas regiões brasileiras. Os recentes trabalhos de Oliveira (2003 e 2006), Lastória (2002, 2003 e 2006), Gonçalves (2006 e 2007), Cazetta (2002, 2003 e 2006) são exemplos que se situam nas interfaces das áreas de Educação, Geografia, História e Cartografia. Tais trabalhos apontam novos caminhos para as práticas escolares brasileiras.

Sobre atlas escolar, mapas digitais e práticas pedagógicas espanholas com mapas, destacam-se as importantes pesquisas coordenadas pela professora PIÑEIRO PELETEIRO (1997, 1998, 2001, 2002), na Universidad de Oviedo.

A construção de Atlas Escolares, propriamente dita, envolve uma tarefa pouco desenvolvida no Brasil que vem tomando vulto atualmente. Sob este aspecto Aguiar (2002) esclarece que:

Atualmente, vivemos um momento de efervescência no que concerne à produção de Atlas escolares, sobretudo Atlas temáticos que buscam representações em grandes e médias escalas, focando cidades e municípios brasileiros. A produção desses Atlas, na maioria das vezes, está pautada na articulação entre Universidades e Secretarias de Educação, evidenciando o interesse de professores e educadores no trabalho com representações espaciais, preenchendo, portanto, uma lacuna existente no que diz respeito à Cartografia no ensino de Geografia (p.19).

A produção de Atlas Escolares Municipais ou Estaduais é recente no Brasil. O primeiro Atlas Escolar Municipal (elaborado sob a coordenação da professora Helena Callai) foi lançado em 1994, em Ijuí, no Rio Grande do Sul. Outros exemplos desta produção são os Atlas Escolares publicados a partir da década de 90, sob a coordenação de Janine Gisele Le Sann (para os municípios mineiros de Contagem, Gouveia, São Gonçalo do Rio Preto, Santo Antonio do Itambé, Pedro Leopoldo, Brumadinho, Padre Paraíso, Lagoa da Prata, Carlos Chagas, Carbonita).

No ano 2000 e 2002, vários outros Atlas Escolares foram lançados. Alguns deles são: o Atlas coordenado pela professora Valéria T. Aguiar (para o município de Juiz de Fora - MG), o Atlas desenvolvido pela prefeitura do Rio de Janeiro (sobre a cidade do Rio de Janeiro - RJ), e os Atlas Geográfico Histórico Ambiental de Limeira – SP, Ipeúna - SP e Rio Claro - SP (todos coordenados pela professora Rosângela Doin de Almeida).

Para finalizar, destacamos que novos Atlas Escolares estão sendo construídos em diversos municípios brasileiros. Alguns elaborados por especialistas, outros por equipes de professores, geógrafos e historiadores. Como exemplo deste último, citamos o Atlas Escolar Histórico, Geográfico e Ambiental para o município de Ribeirão Preto – SP (que vem sendo elaborado por membros do Grupo de Estudos da Localidade – ELO, coordenados pela professora Andréa Coelho Lastória).

BIBLIOGRAFIA

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ABSTRACT: This article refers about cartography in the curriculum of the Brazilian basic school, it presents different conceptions of atlas and importance of the focus of Municipal School Atlases.

KEYWORDS: school cartography; school atlas; geography teaching.

The school cartography and the conception of municipal school atlas.

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CONGRESSO UNESP 2007

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FORMAÇÃO DE PROFESSORES: ARTICULAÇÃO DE SABERES E CONSTRUÇÃO DE ATLAS ESCOLAR MUNICIPAL
Andréa Coelho Lastória (Universidade de São Paulo)
Formação Inicial e Continuada de Professores

Apresentação
Neste trabalho apresento uma prática de pesquisa formativa e investigativa que venho desenvolvendo no Departamento de Psicologia e Educação, junto ao Laboratório Interdisciplinar de Formação de Professores – L@ife, da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, na Universidade de São Paulo.
A prática envolve o estudo da localidade de Ribeirão Preto-SP. Proporciona oportunidades de aprendizagens e desenvolvimento profissional, para alunos do curso de Pedagogia e professores que lecionam História e Geografia no ensino fundamental, durante um processo que leva em conta a inserção prolongada num contexto específico de pesquisa em ensino.

Tal prática teve início em março de 2006, a partir da constituição de uma comunidade de aprendizagem, no formato de um grupo de pesquisa, disposto a articular saberes e construir coletivamente um Atlas Escolar para o município paulista de Ribeirão Preto. O foco principal de discussões do grupo gira em torno da importância de se incluir o estudo da localidade de Ribeirão Preto-SP, no ensino de História e Geografia.

O ensino de História e de Geografia e a construção coletiva de Atlas Escolar Municipal.
Além do debate teórico, o ensino de História e de Geografia vem passando, nos últimos anos, por uma profunda reflexão metodológica. Tal questão coloca em dúvida as perspectivas tradicionais que ligavam (e ainda ligam) o uso de mapas, exclusivamente, à Geografia. Ainda neste sentido, o ensino de História parece se dar por meio de fatos descontextualizados que “desfilam” pela linha temporal (conhecida como linha do tempo histórico). Essa questão promove uma idéia equivocada dos ciclos e processos históricos. A perspectiva econômica parece permear, com exclusividade, o ensino da História nos livros didáticos e, também, nas práticas escolares tradicionais. Tal aspecto dificulta que outras abordagens sejam desenvolvidas nas escolas. Como exemplo, a que procura explicar os processos civilizatórios a partir de suas histórias “não oficiais” (das minorias, dos trabalhadores, dos afro-descendentes , dos índios etc) e que também é possível estudar História, considerando a organização “espacial” que os fatos e acontecimentos foram tomando, no decorrer dos tempos.

Neste sentido, a pesquisa, a articulação de saberes e a produção coletiva de um Atlas Escolar para o município de Ribeirão Preto – SP busca subsidiar o ensino de História e Geografia no referido município. Tal necessidade perpassa o uso de mapas escolares como um valioso mecanismo para a consolidação de práticas pedagógicas que ressaltam a preservação dos recursos naturais e a recuperação da memória ligada à origem histórica de uma localidade municipal.

É importante salientar que a construção coletiva de um atlas escolar municipal histórico, geográfico e ambiental para Ribeirão Preto-SP apresenta-se com dois importantes propósitos. Um deles refere-se ao próprio material de ensino (Atlas) que privilegia o lugar e suas histórias. O outro se relaciona aos processos formativos que tal construção envolve. Isto se deve ao fato de que a produção de Atlas Escolares Municipais pressupõe o uso de metodologias ligadas ao resgate das histórias orais (por meio das narrativas de moradores), à leitura e construção de mapas (com grande escala), à busca por documentos (geralmente os documentos antigos eram “instruídos” por croquis da própria localidade), fotografias (aéreas ou horizontais), imagens de satélite, mapas etc. O trabalho com tais instrumentos, além de se configurar como parte de uma nova prática de ensino para a História e a Geografia, culmina na disponibilidade de um material escolar para a localidade. Entendendo que os dois propósitos explicitados contribuem tanto para os processos de Formação Inicial, como para os de Formação Continuada, dos agentes envolvidos.

A construção do atlas é desenvolvida em colaboração, pois envolve o grupo constituído por professores em formação inicial (alunos da graduação), professores de História e Geografia (da rede municipal, estadual e privada de ensino), professora de Metodologia do Ensino de História e Geografia (da Universidade de São Paulo) e outros colaboradores (professores de outras instituições, alunos da pós-graduação e funcionários).

Não se trata, portanto, de construir um Atlas como uma coletânea de mapas produzidos por cartógrafos. O projeto pauta-se na idéia de que os professores, como possuidores de saberes específicos da docência, produzam um material escolar que atenda prioritariamente as necessidades educativas dos professores e alunos do município de Ribeirão Preto-SP.

A sistemática dos trabalhos do grupo
O início da prática se deu a partir da constituição de um grupo disposto a articular saberes da docência, estudar a localidade e construir um Atlas Escolar Histórico, Geográfico e Ambiental para o município de Ribeirão Preto-SP.

Os membros foram agrupados de maneira aleatória. Alguns haviam sido alunos da autora deste trabalho (na disciplina de Metodologia do Ensino de História e Geografia, do curso de Pedagogia, da Universidade de São Paulo) e manifestaram interesse em continuar investindo nestas áreas do conhecimento. Outros membros passaram a fazer parte do grupo após assistirem uma palestra sobre Atlas Municipal Escolar e Formação de Professores, proferida pela autora, nas dependências da Universidade de São Paulo.
A sistemática de trabalhos envolveu uma fase de leitura e estudo de textos norteadores sobre Educação, História, Geografia e Cartografia. Após as leituras (que eram realizadas de modo individual) seguia-se uma discussão coletiva dos textos.

O detalhamento das etapas seguintes de trabalho, bem como, a discussão sobre a trajetória teórica e metodológica e a busca por parcerias institucionais foram realizadas coletivamente.
A partir da necessidade dos próprios membros, uma das professoras sugeriu o nome de Grupo de Estudo da Localidade de Ribeirão Preto – ELO. Após esta definição, o grupo criou um logotipo e um folder (para ser distribuído na comunidade local) a fim de apresentar publicamente os membros (pesquisadores, colaboradores e consultores), os objetivos da comunidade de ensino de História e Geografia, suas ações e a concepção de Atlas Escolar Municipal que compartilha.

Para registrar o percurso formativo de modo geral, alguns encontros são filmados ou fotografados. No entanto, definiu-se que todos os encontros são registrados (de modo escrito) por um dos membros presente e enviados a todos por correio eletrônico. Tal registro ficou conhecido como uma memória da reunião e serve, dentre outros, como importante fonte de dados para a pesquisa sobre aprendizagem e desenvolvimento docente que é realizada pela própria autora com um desdobramento da pesquisa original.

As diversas fases do grupo de estudos da localidade – ELO e alguns resultados da pesquisa sobre aprendizagem e desenvolvimento docente
A fase de estudo de diversos Atlas (escolares e não escolares) possibilitou ao grupo um melhor entendimento da diversidade existente no mercado editorial brasileiro. Possibilitou ainda, a escolha de uma concepção de Atlas Escolar Municipal a ser seguida e divulgada nas escolas.

O levantamento e estudo de materiais didáticos específicos sobre Ribeirão Preto – SP permitiu inúmeras trocas de conhecimento entre os membros, tal troca facilitou os processos de ensino e aprendizagem em História e Geografia, nas escolas dos professores (principalmente no ano que o município fez 150 anos e os professores precisaram desenvolver projetos temáticos sobre a localidade).

A fase de levantamento documental específico sobre a origem e a ocupação do território paulista na região de Ribeirão Preto-SP, possibilitou conhecimentos sobre o processo histórico de ocupação territorial.
O levantamento temático específico para o município de Ribeirão Preto-SP, permitiu que os principais problemas ambientais e sociais fossem estudados e reconhecidos como prioritários para a localidade (exemplos: queimadas de cana-de-açúcar, afloramento do aqüífero Guarani, favelas, dentre outros)
A fase de construção de um esboço para as páginas temáticas do Atlas permitiu que conhecimentos relacionados à Cartografia Escolar viessem à tona e fossem discutidos nos encontros, assim como, a construção de páginas temáticas específicas do Atlas.

A fase de introdução das páginas temáticas nos processos de ensino e de aprendizagem das escolas municipais ou estaduais ainda não foi iniciada e nem a avaliação do material produzido e de sua utilização. A publicação e divulgação do Atlas Escolar estão previstas para o próximo ano.

Algumas pesquisas que envolvem formação de professores, saberes docentes e Atlas Escolares
Na Espanha, destacam-se as importantes pesquisas coordenadas pela professora PIÑEIRO PELETEIRO (1997, 1998, 2001, 2002), na Universidade de Oviedo (província de Astúrias) envolvendo atlas escolar, mapas digitais e práticas pedagógicas com mapas.

No Brasil, as pesquisas sobre formação de professores, saberes docentes e Atlas Escolares são recentes e estão se intensificando nas diversas regiões brasileiras. Um dos motivos diz respeito ao aumento da produção de atlas escolares municipais construídos por equipes de professores de História e Geografia e Pedagogia.

Os recentes trabalhos de Lastória (2002, 2003 e 2006), Oliveira (2003 e 2006), Gonçalves (2006 e 2007) e Cazetta (2002, 2003 e 2006) são exemplos que se situam nas interfaces das áreas de Educação, Geografia, História e Cartografia. Tais trabalhos apontam novos caminhos para as práticas escolares brasileiras.

A questão focalizada na tese de doutorado de Lastória (2003) é a compreensão do processo de aprendizagem profissional de quatro professoras do ensino fundamental, inseridas no contexto do projeto Integrando Universidade e Escola por meio da pesquisa em ensino: a produção de Atlas Municipais Escolares para Rio Claro, Limeira e Ipeúna . A autora procurou evidenciar os diferentes tipos de aprendizagens docentes (conhecimetos sobre a área específica de cada professor, sobre o ensino dessa área específica e conhecimentos profissionais gerais) e a forma como tais aprendizagens foram construídas durante o projeto de formação continuada que privilegiou a produção de Atlas Municipais Escolares, considerados, neste trabalho, como ferramentas de promoção de processos de aprendizagem da docência. O cenário de legitimação teórica é construído a partir do paradigma de pensamentos do professor, da base de conhecimentos para o ensino, do processo de raciocínio pedagógico e dos processos de colaboração. Este trabalho é caracterizado como um estudo analítico-descritivo de natureza qualitativa, apresentado sob a forma de quatro estudos de caso. Sua realização implicou observação participante da pesquisadora, que esteve inserida no grupo Atlas como membro da pesquisa educacional. As professoras deste trabalho foram concebidas como sujeitos – ora auxiliando a pesquisadora e ora aprendendo com ela – e não como meros informantes ou objetos de estudo. Os dados foram coletados por meio da observação participante, nos diferentes momentos de trabalhos partilhados, por meio de entrevistas biográficas e também pelos relatórios das professoras, relatos autobiográficos, atas de reuniões do grupo e demais documentos. Os resultados são evidenciados nas próprias descrições analíticas das trajetórias à luz dos referenciais teóricos adotados e são sintetizados em retratos individuais que revelam as diferentes facetas das suas aprendizagens profissionais e do próprio projeto Atlas.

A dissertação de OLIVEIRA (2003) refere-se também ao projeto Integrando Universidade e Escola por meio da pesquisa em ensino: a produção de Atlas Municipais Escolares para Rio Claro, Limeira e Ipeúna. Neste trabalho, o autor buscou identificar e analisar as práticas que duas professoras das séries iniciais (4ª séries) do ensino fundamental construíram para promover o ensino de conteúdos específicos destas séries por meio do uso de mapas municipais. O trabalho utilizou o referencial teórico que aborda a construção do conhecimento escolar e a construção dos saberes docentes, bem como discussões acerca da geografia e cultura escolar. Como opção metodológica, o autor optou pela abordagem qualitativa, utilizando-se de registros em caderno de campo, observações de aulas e entrevistas. Os dados obtidos apontam que são as concepções e modelos didáticos construídos pelas professoras, os geradores das formas deconhecimento transmitidas e construídas em sala de aula. OLIVEIRA (2003) esclarece que o uso de mapas no ensino possibilita duas formas de construção de conhecimentos: a primeira concebe o ensino como transmissão de conhecimentos, a segunda concebe o ensino como construção coletiva. O trabalho apresenta que os conhecimentos das professoras sobre a linguagem cartográfica têm em sua maioria, origem na experiência cotidiana, envolve saberes advindos do contato e aprendizagem com outras professoras e do uso de livros e materiais didáticos. Os elementos do mapa como legenda e escala são pouco esclarecidos para as professoras, o que dificulta o ensino do conteúdo do atlas municipal, por outro lado o trabalho com o atlas gera no contexto escolar processos de ensino e aprendizagem motivadores já que tratam de problemáticas locais vivenciadas pelas professoras e alunos.

A tese de doutorado de Gonçalves (2006) também faz referência ao projeto de pesquisa citado nos dois trabalhos anteriores. A autora dedica-se a pensar os saberes e fazeres presentes no cotidiano escolar. Coloca que tal pensamento se dá a partir da compreensão do currículo como criação cotidiana daqueles que fazem as escolas e como prática que envolve, tanto os saberes e processos interativos do trabalho pedagógico, quanto os conhecimentos e práticas desenvolvidos fora das atividades escolares, nos espaços-tempos da vida cotidiana que, em permanente articulação a espaços-tempos mais amplos, permeiam todo o nosso estar no mundo e que nos constituem. Desse modo, seu objetivo é investigar a importância do “lugar” (entendido como espaços-tempos cotidianos) nos currículos praticados por dois professores de 4ª séries do Ensino Fundamental da rede pública do município paulista de Rio Claro. Neste sentido, o trabalho contribui com processos de desnaturalização e alargamento das formas e das relações de poder envolvidas na constituição de conhecimento e de alguns de seus campos como o do currículo, da cultura, do campo de conhecimento da Geografia e, em particular, da categoria lugar.

A pesquisa de Cazetta (2006) foi originada a partir das reflexões da autora sobre práticas educativas com fotografias aéreas. A autora busca, neste trabalho, compreender como três professoras do segundo ciclo (3a e 4a séries do Ensino Fundamental) de escolas municipais, utilizam as páginas com fotografias aéreas verticais do Atlas Municipal e Escolar (geográfico, histórico e ambiental) de Rio Claro/SP (coordenado pela professora Rosângela Doin de Almeida, em 2001) em suas práticas educativas. O trabalho focaliza, dentre outros, o estudo do lugar, as fotografias aéreas verticais e as atividades de ensino. A autora descreve que, em princípio, a abordagem para a disciplina de Geografia realizada pelas professoras estava pautada na clássica separação entre as disciplinas escolares (Geografia, História e Ciências). Salienta, entretanto, que à medida que as professoras (objetivando estudar o lugar) iam trazendo as fotos aéreas em suas aulas, ocorre a imbricação destas disciplinas em alguns dos temas propostos.

Para finalizar é importante mencionar um outro trabalho que está sendo desenvolvido levando em consideração a formação de professores, os saberes docentes e Atlas Escolares. Trata-se da tese de doutorado da professora Célia Regina Batista Santos Silva (ainda não concluída), na Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, sob orientação da professora Regina Maria Simões Puccinelli Tancredi. O trabalho focaliza o desenvolvimento de professoras de Geografia do ensino fundamental e analisa as contribuições de um grupo de pesquisa sobre o ensino do lugar.

Algumas considerações finais
A produção do Atlas Escolar Histórico, Geográfico e Ambiental para o município de Ribeirão Preto-SP apóia-se nos processos formativos (que envolvem aprendizagens profissionais da docência) e nas especificidades das escolas municipais de ensino fundamental da cidade de Ribeirão Preto-SP. Os resultados são, portanto, materiais (produto em forma de um Atlas) e, ao mesmo tempo, formativos (no sentido de que estão subsidiando os processos de ensino e de aprendizagem dos professores envolvidos).

Os dados disponibilizados no Atlas Escolar: Histórico, Geográfico e Ambiental do município de Ribeirão Preto-SP deverão estar apresentados por meio de diferentes linguagens (texto, mapas, fotografias aéreas, fotografias antigas, imagens de satélite, narrativas das histórias orais, desenhos etc). Fotografias de uma mesma paisagem, em diferentes períodos históricos, deverão possibilitar a análise dos processos de transformação que Ribeirão Preto foi passando devido aos fatores de ordem social, cultural, econômica, política e natural. Narrativas de histórias orais, contadas por moradores, poderão levantar elementos importantes para a recomposição da memória local.

Por intermédio de parcerias com o governo municipal ou empresas privadas locais, o Atlas deverá ser impresso e distribuído gratuitamente para as escolas municipais e estaduais de Ribeirão Preto-SP. Uma outra opção é que o Atlas seja digitalizado e disponibilizado via internet.

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Além da parceria com os cursos de História e Geografia do Centro Universitário “Barão de Mauá” que está sendo estabelecida, o projeto prevê um acordo com a Secretaria Municipal de Educação de Ribeirão Preto-SP.

Pesquisa coordenada pela professora Dra. Rosângela Doin de Almeida, na Universidade Estadual Paulista, Campus de Rio Claro.

Um exemplo deste tipo de Atlas é o Atlas Ambiental da Bacia do Corumbataí, desenvolvido pelo CEAPLA, no Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista –UNESP, em Rio Claro-SP.


 

Fotos dos encontros do grupo de Pesquisa