Impacto do aumento da concentração atmosférica de CO2 e do aquecimento na anatomia foliar de duas espécies forrageiras tropicais C3 e C4

As alterações na composição química da atmosfera, resultantes de atividades antrópicas como aumento de gases de efeito estufa, principalmente dióxido de carbono (CO2), metano (CH3) e óxidos de nitrogênio (NOx), têm levado a previsões alarmantes acerca de mudanças climáticas. Existem fortes evidências de que a concentração atmosférica de CO2 está aumentando e atingirá altos níveis até o fim deste século, mesmo se as emissões antrópicas deste gás forem estabilizadas nos níveis atuais.

O impacto ecológico deste evento nos ecossistemas terrestres tem profunda relação com a fisiologia das plantas, uma vez que altos níveis de CO2 e o aumento da temperatura média global influenciam diretamente a dinâmica de processos fundamentais, como a fotossíntese. Trabalhos recentes acerca do tema têm mostrado que plantas C3 e C4 respondem diferentemente às mudanças climáticas globais, dadas as peculiaridades fisiológicas e bioquímicas relacionadas a cada um dos tipos de fotossíntese. Além das modificações fisiológicas, mudanças anatômicas nas folhas são reportadas para as plantas

Estas incluem alterações na concentração dos estômatos, em um aumento da área foliar, além de mudanças na espessura foliar, na área total ocupada pelo mesofilo, nas células dos feixes vasculares, nos elementos de vaso e no esclerênquima, de acordo com a espécie.

Com isso, o objetivo do presente estudo é comparar os efeitos da elevada concentração de CO2 e da temperatura em duas espécies forrageiras, a gramínea Panicum maximum (metabolismo C4) e a leguminosa Stylosanthes capitata (metabolismo C3). O objetivo é verificar as alterações anatômicas das estruturas de acordo com o tratamento, fazendo comparações entre as diferentes espécies, filogeneticamente distantes. As duas espécies serão semeadas em consórcio, simulando o que ocorre em pastagens, e o seu crescimento será avaliado sob efeito de diferentes concentrações de CO2 e de temperatura.

Para cada tratamento amostras da folha e caule das duas espécies serão coletadas, fixadas, cortadas e coradas segundo as técnicas usuais em anatomia; além disso, haverá a contagem de estômatos por unidade de superfície foliar. As alterações na concentração dos estômatos, na área foliar, além de mudanças na espessura foliar, na área total ocupada pelo mesofilo, nas

Stylosanthes capitata

células dos feixes vasculares, nos elementos de vaso e no esclerênquima serão quantificadas para as duas diferentes espécies. Pretende-se com isso avaliar o efeito da concentração de CO2 na anatomia das plantas, e suas possíveis implicações morfológicas, adaptativas e econômicas.